Antonio de Albuquerque
Sorrindo de alegria, num espaço sublime entre contos, encantos e poesias.
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Foto Google

Indelével Lembrança

Havia descido a uma dimensão inferior distante da luz e do conhecimento, em decorrência de vidas passadas marcadas pelo orgulho, pai de todas as infelicidades, força que influencia grande parte da humanidade. Embora, num passado distante haja experimentado a proximidade e o exercício da virtude e do conhecimento, caminhava por fétidas galerias num ambiente estreito e escuro, com a sensação que cairia em um despenhadeiro. Tinha dificuldade de respiração e pensamentos vagos. Sem equilíbrio, caminhava com destino incerto. Sem lembrança da minha gênese, e noção de tempo, poderia estar ali há uma eternidade. Sentia insegurança, solidão e medo, parecendo estar em uma caverna guiado por contínuas sombras. Sentia-me perdido em um labirinto sem saída, preso na escuridão física e mental, sem lembrança do passado do presente ou futuro.

Mergulhado nesses esquecimentos, havia embaciada a lembrança da minha realidade. Após algum tempo, felizmente no alto enxerguei uma Luz que, embora entre nós existisse infinita distância, me confortava por enxergar além da cósmica escuridão. Ao longo do tempo descortinei no universo; astros, estrelas, a Lua e o Sol clareando a Terra e, vendo o nascer do dia e a claridade, não mais senti medo das trevas. Foi então, a primeira manhã que vi o Sol nascer. Na claridade do dia descobri a vegetação e a luz solar se espargindo sobre ela aquecendo e embelezando suas plantas e flores molhadas pelo orvalho da manhã. Nos pés senti a maciez da areia e da relva encharcada d’água.

A beleza e a riquíssima diversidade das plantas me alegraram levando-me ao encantamento. O brando e suave vento tocava meu rosto e, mesmo sem conhecer sua origem agradou meus sentidos, embora, indagasse para mim: Quem eu sou? De onde vim? para onde vou? Assim, senti a necessidade de pensar, sendo esse um atributo da minha alma que naturalmente surgiu no céu das minhas recordações. Quando o Sol deitou sua Luz no poente compreendi que pela primeira vez via o por do Sol e o surgimento da noite. Comecei, então, a entender a natureza e suas formas; os astros, estrelas, o Sol e a Lua clareando a Terra. Tudo era rico e belo, mas, precisava conhecer quem havia construído essa Divina obra universal. Em uma  alegre manhã testemunhei o Sol dourar um novo amanhecer, ouvindo o trilar dos passarinhos, o sussurro da água no ribeiro e as árvores  enfeitadas de flores e frutos formando um inesquecível vergel.

Parecia que a natureza estava em festa, aguardando uma ilustre visita. Ali permaneci procurando entender a natureza, buscando conhecer com mais clareza os sentidos e as formas, construindo um rico e profundo sentimento de amor pela fauna, à flora.  Passeava pelas florestas, águas, santuários e por distantes lugares, mas ainda havia uma questão que não entendia; a razão da minha existência. Resolvi então, empreender uma longa viagem pelos mares, rios, florestas, e distantes lugares, observando as manifestações da Natureza.

Nessa viagem cheguei a um lugar, avistando uma casa. Hesitei... Mas, ao aproximar-me escutei surpreendente cântico celestial sentindo um turbilhão de lembranças armazenadas em minha memória. Chegando mais perto, recordei de passagens pela Terra, de lugares, pessoas, línguas, ciências e também de ilusões. A ciência me reconduziu à realidade, mas quanto às ilusões, suas lembranças e práticas me fizeram sofrer. Havia encontrado um lugar diferente de todos que conhecera. Um espaço para refletir sobre o que recordara; origem, destino e a razão de estar naquele misterioso lugar.

Lembrando-me do passado, entendi o presente e o futuro. Aproximando-me da bela casa azul, com janelas amarelas e cortinas de renda branca, esvoaçando ao vento, cumprimentei pessoas que sorrindo me abraçaram. Chorando de alegria lembrei-me que já as conhecia e felizes festejávamos. Num ágape constante convivi com as pessoas que me anfitriaram e, juntas a mim aguardavam o que me seria surpresa. Todos se apressaram chegando à janela, queriam ver um Homem que passava e, eu também apressurei-me para vê-lo, que por certo seria importante, dado a contagiante alegria que reinava entre todos. O Homem que caminhava à frente tinha incomparável beleza, vestia uma túnica branca, tinha nos pés sandálias, e no coração trazia o Amor, a Justiça e o Perdão. Com seu olhar senti toda a felicidade e a alegria que eu merecia. 
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 13/01/2016
Alterado em 27/08/2020
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.